Conclusões
O Colóquio Cristianismo no Japão, Universalismo
Cristão e Cultura Nipónica, decorreu em Fátima
de 17 a 18 de Novembro de 2007. Mais de 130
pessoas seguiram, com muito interesse, a
exposição sobre o Japão, as várias conferências
e painéis; participaram na Eucaristia evocativa
dos Mártires do Japão e de encerramento; e
vibraram, na noite cultural, com a demonstração
de karate-do Shotokai e música tradicional
japonesa.
Os conferencistas ajudaram-nos a conhecer melhor
a cultura e as tradições religiosas do Japão,
nomeadamente a matriz cultural xintoísta que
está subjacente a toda a vida social, religiosa
e política da sociedade nipónica. Também não foi
esquecida a influência do budismo na
configuração do tecido social e religioso
japonês.
O Colóquio pretendia perceber porque é que após
cinco séculos de presença cristã e de tanto
investimento a nível de recursos humanos e
materiais, o cristianismo continua a ser uma
religião tão minoritária. As razões são várias,
mas constatou-se que o “niponismo” é como que
uma forma de religiosidade diluída e ancestral
que permeia toda a vida japonesa e defende a
especificidade daquele povo. Esta exprime-se
numa homogeneização cultural e religiosa que
colide com a mensagem de universalismo que
caracteriza a fé cristã.
O cristianismo foi introduzido no Japão por S.
Francisco Xavier no século XVI e teve, devido a
circunstâncias históricas propícias, uma rápida
expansão. O Século Cristão no Japão (1549-1639)
teve uma grande influência na arte e na
educação, e floresceu num glorioso testemunho de
mártires, dos quais 188 serão beatificados no
próximo dia 24 de Novembro em Nagazaki.
Hoje, a presença cristã é numericamente
insignificante (1% da população) mas tem um peso
relevante principalmente na área do ensino e da
acção social. A partir dos anos 1990,
intensificou-se a migração para o Japão e hoje
estima-se que os estrangeiros católicos sejam
mais de 500 mil, ou seja, mais do que os de
origem japonesa, cerca de 450 mil. A presença de
brasileiros e filipinos e o seu acompanhamento
pastoral é um desafio novo à Igreja do Japão.
O futuro do cristianismo no Japão passará por
uma presença mais de “fermento” do que de
“massa”. Para que isso possa acontecer, foram
salientados três atitudes: fidelidade ao Reino
de Deus testemunhada por uma coerência de vida
cristã, a inculturação da fé e o diálogo.
A comunidade local é o sujeito da inculturação
da fé cristã. A dignidade da pessoa humana, o
horizonte da vida eterna, a fraternidade
universal e a presença profética em favor da paz
e da justiça devem encontrar uma expressão
eclesial nipónica de viver a fé cristã.
O diálogo inter-religioso requer uma atitude de
respeito, despojamento e abertura ao outro. Para
descobrir Cristo, Caminho, Verdade e Vida,
precisamos de entrar em diálogo com outros
caminhos religiosos no qual o Espírito de Deus
continua a semear bem, paz, amor, verdade,
espiritualidade...
Os Missionários do Verbo Divino e as Servas
Missionários do Espírito Santo, a celebrar cem
anos de presença no Japão, aceitam o desafio de
continuarem a servir o povo japonês, dando
testemunho do diálogo profético.
Os organizadores (SVD e CHAM) promete publicar
os textos de todas as intervenções para facultar
a um público mais vasto a riquíssima temática
tratada neste Colóquio e satisfazer o desejo
manifestado pelos participantes.
|