A Amazónia, a última área natural do planeta, está sendo destruída devido à exportação de madeiras, criação de gado e, ultimamente, à plantação de soja.
É comum ouvirmos dizer: «A Terra está gravemente ameaçada, a vida corre perigo». Mesmo parcialmente destruída, a Amazónia continua a ser o maior conjunto de florestas tropicais do planeta. A sua devastação contínua trará inevitavelmente desequilíbrio do ecossistema e ameaçará a sobrevivência humana.
A Amazónia representa a vigésima parte da superfície terrestre, quatro décimos da América do Sul e três quintos do Brasil. Nela existe um quinto da disponibilidade mundial de água doce.
Os ecossistemas da região amazónica são importantes para o meio ambiente do planeta, pois contribuem para o controlo do clima e a redução dos gases poluentes que reduzem o efeito estufa. As inúmeras actividades económicas vão degradando o meio ambiente e trazem a pobreza e a insegurança a inúmeras famílias. A criminalidade aumenta devido à ocupação desordenada da terra, ao trabalho escravo, à corrupção e impunidade. Na vastidão da Amazónia vivem 163 povos indígenas: habitantes ancestrais com a sua diversidade de línguas e culturas milenares.
Evangelizar na Amazónia
Evangelizar na Amazónia foi sempre uma tarefa muito difícil devido às distâncias geográficas, às condições de clima, à pobreza de recursos e vias de acesso precárias; as dificuldades têm sido enfrentadas mas, à custa de muito sacrifício, a evangelização acontece.
Os novos compromissos dos bispos, padres, religiosos e leigos em defesa dos pobres provocaram rupturas com os aliados históricos da Igreja o que levou à perseguição: prisões, sequestros, violência e até mesmo o martírio.
Tendo presente esta realidade ao longo dos próximos anos (2005-2007), a Igreja da Amazónia quer comprometer-se numa acção corajosa e generosa em descobrir os desafios e perspectivas a que hoje todos são chamados. Quer igualmente que todo o Brasil volte o seu olhar para a Amazónia e conheça a Igreja local que tem um rosto próprio, riquezas e riscos diante da cobiça de muitos. Dar a conhecer as causas do empobrecimento e as situações desumanas que vão contra o direito da pessoa e degradam os ecossistemas amazónicos são o objectivo desta evangelização.
O intuito é exprimir a continuidade de uma história de lutas e esperanças dos povos que vivem na Amazónia, construída ao longo dos anos, com a Igreja que se encarnou e colocou a sua tenda nesta região.
Testemunhando o Verbo na Amazónia
A presença dos Missionários do Verbo Divino na Amazónia sendo curta – apenas 25 anos – tem procurado valorizar o trabalho dos leigos, assumir a cultura local para lhe dar uma dimensão mais cristã e anunciar o Evangelho para que aconteça a transformação da realidade social em que vivem.
Aproximadamente são 35 os missionários que trabalham nas paróquias ou áreas de Oriximiná, Alenquer, Trairão, Rurópolis, Santarém, Boa Vista, Oiapoque e Itaituba.
O imenso calor à chegada a Santarém, em plena Amazónia, foi amenizado pela calorosa recepção que tive na comunidade e com “direito” a boas vindas na rádio local: «Partiu o padre Manuel e temos entre nós, de visita, o padre José Luís Pimenta».
Entre as várias visitas, tive a oportunidade de estar alguns dias em Rurópolis, aonde chegou à pouco tempo o padre Elísio Gama, e Oriximiná, onde trabalha o já veterano padre. José Cortes. A viagem para Rurópolis foi uma verdadeira aventura! Seis longas horas de autocarro para 240 quilómetros. Inúmeras comunidades estão espalhadas por uma extensa região. Tive a oportunidade de testemunhar o trabalho do padre Elísio nos seus primeiros “actos oficiais” na comunidade: na festa de S. João Baptista na comunidade da Flor da Selva; na igre-ja paroquial durante a celebração do Sacramento do Baptismo de 40 a crianças, adolescentes, jovens e adultos; no dia seguinte, na festa da Primeira Comunhão que encheu de alegria toda a comunidade e de modo particular os 60 adolescentes e jovens que receberam o Senhor pela primeira vez.
A etapa seguinte concretizou-se após viagem de dez horas de barco, durante a noite e deitado na rede, com destino a Oriximiná. É aqui que trabalha o padre José Cortes e outros verbitas que têm a seu cargo inúmeras comunidades. Também aqui a minha presença foi testemunhar o trabalho do padre José Cortes, há vários anos nesta cidade, e acompanhá-lo em algumas celebrações e encontros com as comunidades.
Nesta visita à região da Amazónia, o que mais me impressionou foi a participação, a alegria e o entusiasmo com que todas as comunidades viviam esses momentos de celebração e festa.
Este é o trabalho de dois missionários do Verbo Divino, entre muitos outros, que na região da Amazónia entregam a sua vida ao serviço da Missão partilhando a Palavra de Deus e contribuindo para que esta Igreja pobre, sofredora e profética anuncie a esperança de uma vida mais digna e próspera para todos.